Abraço lança o projeto Jogadores Anônimos

A Abraço, com mais de 40 anos de tradição no enfrentamento das dependências químicas e do álcool, agora assume um novo protagonismo ao encarar uma epidemia emergente: o vício em jogos online, especialmente nas apostas esportivas (“bets”). O presidente da entidade, Gladstone Otoni, expressa preocupação crescente com o fenômeno e lidera um projeto pioneiro no país: o JA – Jogadores Anônimos, programa gratuito, confidencial e acolhedor.
Novo inimigo silencioso
Desde a legalização das apostas esportivas em 2018, o Brasil vive um crescimento explosivo das bets, impulsionado por publicidade massiva, patrocínios em estádios e influência de celebridades. Estima-se que o mercado movimentou até R$ 130 bilhões em 2024.
Segundo o Ministério da Justiça, cerca de 38,6 % dos apostadores apresentam algum grau de risco ou transtorno relacionado ao vício, sendo que entre adolescentes de 14 a 17 anos esse índice chega a 55,2 %. Uma pesquisa Datafolha revelou que 15 % dos brasileiros apostaram em bets ao menos uma vez, com gasto médio mensal de R$ 263 — quase 20 % do salário mínimo de 2023.
Estudos apontam ainda que 2 milhões de brasileiros vivem compulsão por jogos, conforme levantamento da USP — e o mercado de apostas esportivas cresceu em torno de R$ 130 bilhões no país até 2024.
Danos reais: finanças, relações e saúde mental
Os impactos do vício vão muito além das perdas financeiras. Segundo estudo do portal Unifor, 86 % dos apostadores acumulam dívidas, 64 % estão negativados no Serasa e 63 % reportam comprometimento de parte relevante da renda familiar.
No âmbito do SUS, os atendimentos por “jogo patológico” saltaram de apenas 108 em 2018 para 1.292 em 2023, com projeções de mais de 2.400 atendimentos até julho de 2024, sugerindo até 3 milhões de brasileiros adoecidos pelo vício.
Em um depoimento à CBN, profissionais alertam que adolescentes chegam a usar cartão de crédito dos pais para apostar, enquanto adultos perdem salários inteiros com o vício, resultando em queda de produtividade e ruptura de laços familiares.
Além disso, o jogo compulsivo está associado a quadros de ansiedade, depressão e até ideação suicida.
A resposta da Abraço: JA – Jogadores Anônimos
Inspirado na forma dos Doze Passos de Alcoólicos Anônimos, o programa Jogadores Anônimos (JA) já existe no Brasil desde 1993 e vem ganhando força com a explosão do jogo compulsivo Wikipédia.
Sob a liderança de Gladstone Otoni, a Abraço lança uma versão dedicada ao combate ao vício em apostas online. Gratuito e confidencial, o JA oferece acolhimento, escuta ativa e apoio mútuo para quem quer retomar o controle da própria vida.
Gladstone afirma: “Com base nos quase 40 anos de experiência contra dependências químicas, estamos prontos para enfrentar esse novo desafio — com empatia, escuta e resultados concretos.” A proposta é integrar prevenção, diálogo e caminhos para o recomeço.
Relato real
Um dos participantes, atendido nas primeiras turmas do JA em Belo Horizonte, detalha:
“Perdia o sono, gastava o dinheiro que era para o mercado. Negativado, apartou até brigas em casa. Quando encontrei o JA, percebi que não era sozinho — vi outras histórias, apoio e esperança.”
O relato ecoa o perfil predominante das vítimas: jovens vulneráveis, endividados e muitas vezes em sofrimento silencioso.
Um panorama que exige ação
Com políticas públicas ainda insuficientes e dados subnotificados, como apontam especialistas da USP, UFRJ e do Ministério da Saúde, o Brasil vive uma crise silenciosa em saúde pública. A CPI das Bets, instalada em novembro de 2024, teve seu relatório rejeitado em junho de 2025, sem indiciamentos — um reflexo da complexidade do tema e da falta de avanços concretos.
Nesse contexto, iniciativas como o JA (Jogadores Anônimos, da Abraço) se tornam fundamentais: geram redes de suporte, conscientização e alternativas reais para quem precisa.
Elemento | Contribuição do JA |
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Experiência da Abraço | Quatro décadas de atuação em dependências químicas garantem credibilidade e know‑how. |
Programa estruturado | Baseado em pesquisas, oferece abordagem comprovada e princípios sólidos. |
Confidencialidade e acolhimento | Espaço seguro e sem julgamento, essencial para quem vive o ciclo do vício. |
Gratuito e acessível | Disponível em BH e com possibilidade de expansão conforme demanda. |
A Abraço, sob a liderança de Gladstone Otoni, assume o protagonismo no enfrentamento de uma nova epidemia nacional: o vício em apostas online. Com dados alarmantes e consequências reais, o programa JA – Jogadores Anônimos representa esperança, acolhimento e uma via real de recomeço para milhares de afetados pelo vício. É um convite à sociedade: prevenção, escuta e cuidado. Juntos, podemos vencer esse desafio.
Um comentário
Eu não sabia que esta instituição existia até eu sentir na pele, através de um familiar, o quão destruidor pode ser o jogo. Estamos procurando ajuda e descobrimos a Abraço. Gostaria mto de saber como fazer para iniciar um atendimento.